A seriema é como uma ave jaboticaba da América do Sul. Só existe nos cerrados e campos de cinco países: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Adorava a história que meu pai contava dela.

A seriema é como uma ave jaboticaba da América do Sul. Só existe nos cerrados e campos de cinco países: Argentina, Bolívia, Brasil, Paraguai e Uruguai.

Adorava a história que meu pai contava dela.

É a única sobrevivente da família de aves Cariamidae, prima da extinta família dos Forusracídeos, grandes aves carnívoras da pré-história, conhecidas como “aves do terror”. Conheci a seriema quando me mudei com a família para o Mato Grosso do Sul, ainda criança, no final dos anos 50. 

Surgiram após a extinção dos dinossauros, a quem substituíram como predadoras ferozes, no topo da cadeia alimentar. Mas também se extinguiram há milhões de anos, ao que tudo indica, por causa das mudanças climáticas da sua era.

A história que meu pai contava era curtinha, mas mais bacana. Dizia ele que, quando houve uma ligação terrestre entre as Américas do Norte e do Sul, grandes felinos, ursos e outros carnívoros pré-históricos migraram para o sul e devoraram essas “aves do terror”. Não eram mais do que “peruzões” dentados.

Siriema ou seriema tem origem tupi, derivando de çaria (crista) e am (erguida) – às vezes é chamada de çariama ou sariama. O nome científico é Cariama cristata. É prima dos falcões, papagaios e outros pássaros de bico forte.

A seriema tem um canto peculiar, que vocaliza ao descansar, comer ou copular. Para alguns, não é um canto mas uma gargalhada. Diz a sabedoria popular que quando a siriema canta o tempo vai mudar, antecipando a chuva. Ouça o canto dela ao lado, nesse vídeo do Daniel Scalabrini.

Ela se alimenta de insetos, vermes, ovos de outras espécies de aves e pequenos vertebrados. Apesar de barulhenta, é muito útil porque limpa a área de cobras, aranhas e escorpiões. É comum vê-la ciscando no terreno das fazendas.

Siriema é nostalgia e saudade, é lembrança do Pantanal Sul-matogrossense onde passei a infância e a adolescência, aonde vou sempre que posso para rever os amigos, pescar, fotografar e ouvir a seriema cantar.

“Siriema de Mato Grosso” de Tonico e Tinoco, por Renato Teixeira

Oh! Siriema de Mato Grosso
Teu canto triste me faz lembrar
Daqueles tempos que eu viajava
Tenho saudade do teu cantar

Maracaju, Ponta-porã
Quero voltar ao meu Tupã
Rever o campo que eu conheci
Oh! Siriema, eu quero ouvir

Oh! Siriema, quando tu cantas
De Mato Grosso a saudade vem
Oh! Siriema quando tu choras e vai-se embora
Eu chorava também